segunda-feira, 2 de maio de 2011

Passos

O passo perdido. O mau passo. O passo certo. Os passos que passam perdidos por nós. Tropeços, quedas. Tantos andares. Tantos jeitos diferentes e sempre um mesmo passo. Um e somente depois, o outro. Isso deve ter algum significado: não tem como acertar o passo sem que seja um de cada vez. De onde surgem os descompassos. Vontade de voar faz com que troquemos os pés pelas mãos. Às vezes, as mãos pelos pés. Tanta gente andando de um lado para o outro, e cada andar falando com uma linguagem diferente. Um torre de Babel dos passos onde se esbarram passos lentos com passos apressados, passos tímidos com muito seguros passos, garbosos, desajeitados, uns quase passam sem ser notados. O que seus passos dizem sobre você? Os meus são puro acaso. Não são planejados, são resultado de uma matemática tosca onde a soma das cotidianices definem o ritmo. Não sou dona dos meus passos. Sou daquelas que fica na janela olhando, com os pés martelando no chão o ritmo que gostariam de dançar. Ah! aqueles seres que parecem que dançam. Gosto de olhar a segurança de passos que sabem exatamente para onde vão. São pura perfeição da anatomia. Passos certos têm cadência. Outros, decadência. Meus passos são de barata tonta condicionada em cativeiro, e poderiam entrar na categora comicidade, talvez, pela falta de graça, que graciosamente tento fazer parecer que eles têm. Os meus passos. Muitos foram deixados para trás, sem sequer saberem que poderiam ter sido dados. Outros, ladram como cão sem dono. E há os que caminham nas nuvens, pelos corredores dos sonhos, e nos dias de sorte, quando tenho sonhos bons, meus passos viram nado. Nadam num imenso mar azul turquesa, sentem leveza, são pura delicadeza, livres de amarras, calos e apertos, eles me dão a certeza que meus melhores passos eu dou no território oceânico das liberdades, lugar que só alcanço em certas noites de lua cheia rumo aqueles lábios de verão.






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